O Canal Saúde foi idealizado no âmbito do Comitê das entidades públicas de Combate à Fome e a Miséria e Pela Vida (COEP). Participavam do comitê a Fiocruz e a Embratel, na época uma empresa pública. A Fiocruz possuía um acervo de mais de dois mil vídeos sobre saúde. A Embratel tinha uma espaço de transmissão de TV para todo o Brasil acessível por antena parabólica. Somando esses recursos, as duas instituições lançaram o “Canal Saúde”, que foi ao ar em 10 de dezembro de 1994, com uma hora de duração.

Havendo uma programação disponível, o próximo passo foi pensar um conteúdo que pudesse ser produzido para integrá-la, ao lado dos vídeos de acervo. Para viabilizar essa ideia a Fundação Oswaldo Cruz buscou a parceria da então TV Educativa do Rio de Janeiro, (TVE-RJ), que forneceria profissionais e equipamentos para a gravação e edição de um programa semanal de debate, também chamado “Canal Saúde”. E já que estávamos produzindo ali na TVE um programa semanal, veio também o convite para exibi-lo na emissora. Assim, o Canal Saúde passou a comportar uma programação de uma hora de segunda a sexta-feira com recepção por antena parabólica, e um programa de uma hora que ia ao ar semanalmente tanto nessa programação, quanto na TVE do Rio de Janeiro.

No mesmo ano em que começamos a exibir um programa na grade da TV Educativa do Rio de Janeiro, iniciamos uma parceria com a Amazon Sat, uma instituição que transmitia uma programação de TV com recepção por antena parabólica para todo o território da Amazônia. Nessa época, em alguns lugares da Amazônia, a TV só poderia ser assistida a partir de uma antena parabólica.

A 10ª Conferência Nacional de Saúde foi a primeira conferência coberta pelo Canal Saúde. A partir daí, todas as conferências nacionais de saúde foram registradas e transmitidas no Canal Saúde, que tem entre seus objetivos, fortalecer o controle social do SUS.

A primeira pesquisa sobre a audiência do Canal Saúde foi realizada ao longo do ano de 1996 em parceria com a Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ). O ponto de partida foram as cartas então recebidas pelo Canal Saúde, de pessoas de todo o Brasil. Alguns espectadores se comunicavam assiduamente conosco. Cerca de 20 desses interlocutores foram identificados em todas as regiões do país. Pesquisadores da ECO-UFRJ viajaram para entrevistá-los, aproveitando para conversar também com profissionais e gestores de saúde em 26 municípios do país. Esta pesquisa revelou o uso de programas do Canal Saúde em salas de aula, e em atividades de mobilização de comunidades as mais diversas.

No início do Canal Saúde uma atividade bastante usual era a realização de “Teleconferências” sob demanda do Ministério da Saúde. Estes eventos já aconteciam antes, quando um órgão do poder executivo solicitava à Embratel a transmissão de eventos para instruir técnicos de saúde de todo o país a lidar com alguma situação ou levar adiante algum protocolo de saúde. A Embratel possuía salas em todas as capitais onde os profissionais poderiam se reunir para assistir as conferências e de onde podiam enviar perguntas. Com o surgimento do Canal Saúde, este passou a ser o executor dessas demandas.

O programa Comunidade em Cena busca dar visibilidade para experiências de promoção de saúde empreendidas pela sociedade civil. Os primeiros programas foram ao ar em 1997, desenvolvidos em parceria com três então chamadas “TVs Comunitárias”: a Bem TV de Niterói (RJ), a TV Sala de Espera de Belo Horizonte (MG) e a TV Tagarela da Favela da Rocinha (RJ).

O Canal Saúde inaugura sua página na Internet, veiculando desde o primeiro momento, sua programação em tempo real com a televisão.

A partir dos anos 2000 a programação do Canal Saúde voltou-se com muita intensidade para a temática do HIV/AIDS, somando-se aos esforços do Ministério da Saúde para controlar a epidemia no Brasil. Foram criados novos programas (alguns que existem até hoje) como o “Ligado em Saúde”, o “É Com Você Cidadão” e a “Mesa Redonda”.

Pela primeira vez, numa conferência de saúde, o Canal Saúde aparece como uma demanda. Uma moção aprovada em plenária final pedia que o Canal Saúde fosse transformado em um canal aberto na televisão brasileira. A moção foi apresentada por Geraldo Adão dos Santos, delegado representante do segmento de usuários, pela Confederação Nacional de Aposentados, Pensionistas e Idosos.

O seminário “Que Saúde Você Vê?” teve como propósito inicial realizar uma avaliação da atuação do Canal Saúde no âmbito do enfrentamento da epidemia de HIV e AIDS. Aconteceu em Petrópolis em outubro de 2001, e reuniu profissionais, gestores e usuários de saúde. Gerou duas publicações (uma revista e um livro) e foi um importante momento para a equipe refletir sobre sua missão no âmbito da televisão brasileira.

A 12ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco das discussões sobre comunicação e saúde. Foram várias propostas nesse campo, inclusive a de criação de uma Rede Nacional de Comunicação para o SUS. Novamente houve uma moção para que o Canal Saúde fosse alçado à qualidade de canal na TV aberta.

Em 2004 o Canal Saúde completou 10 anos. Foi criado o programa “Canal Saúde na Estrada”, destinado a mostrar experiências do SUS, bem sucedidas, em todo o país. Nesse ano de 2004 a equipe do Canal Saúde viajou todo o país produzindo materiais sobre saúde em todos os estados. A partir desse momento observamos uma “nacionalização” da grade de programação, até então muito centrada no Rio de Janeiro e Brasília.

Também no ano do seu décimo aniversário, o Canal Saúde começou um trabalho de mobilização de audiência, considerando como principal público os gestores e profissionais de saúde. Em dezembro de 2004 o Canal Saúde reuniu na Fiocruz representantes das áreas de “Educação em Saúde”, “Saúde da Família” ou “Comunicação” de 19 estados, que juntos apontaram formas como o Canal Saúde poderia contribuir diretamente para fortalecer o SUS nos estados. Nesta reunião surge a ideia das oficinas do Canal Saúde, que acontecem até hoje, nas áreas de “Comunicação e Saúde”, “Produção Audiovisual” e “Planejamento de Comunicação e Saúde”.

As primeiras oficinas do Canal Saúde aconteceram no ano de 2005. A “estreia” resultou de uma parceria com o a Secretaria Estadual de Saúde do Pará, e aconteceu em Belém, com representantes de todos os municípios do estado. A segunda parceria foi com a Coordenação de Educação em Saúde do Estado do Rio de Janeiro, com a realização de cinco oficinas em todas as regionais de saúde fluminenses. Nesse mesmo ano também aconteceram oficinas em Florianópolis (SC) e João Pessoa (PB), sempre em parceria com secretarias estaduais de saúde. Hoje o Canal Saúde contabiliza cerca de 2.500 profissionais de saúde que já passaram por suas oficinas.

Em 2007 o Canal Saúde inaugura sua parceria com o Programa de Inclusão Digital dos Conselhos de Saúde (PID), sob gestão da então Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SEGEP). O objetivo era fortalecer a atuação dos conselhos de saúde. Foi o início do programa “Sala de Convidados”, o primeiro do Canal Saúde transmitido ao vivo para a TV.

Em 2010 uma obrigação imposta pela Anatel à empresa Oi Telecomunicações, transformou o Canal Saúde numa emissora. Naquele momento a Oi Telecomunicações solicitava licença para explorar o serviço de TV por assinatura, o que então não era permitido para empresas de telecomunicação. Como contrapartida à licença, a Anatel pediu que a Oi disponibilizasse em seu grid de programações, um canal para a saúde. Por determinação do então Ministro da Saúde José Gomes Temporão, o Canal Saúde ocupou essa programação que passou a ser enviada para todos os conselhos de saúde. O Canal Saúde passa então a ser uma programação de TV, inicialmente com sete horas diárias de transmissão. (Hoje temos 17 horas diárias).

O Canal Saúde cobre mais essa conferência e, pela primeira vez, é citado em uma das propostas aprovadas: os delegados reivindicavam maior visibilidade para o Canal Saúde.

A série “Curta Agroecologia” é produzida em parceria com a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e apresenta experiências de agroecologia em todo o país. Vários episódios dessa série foram premiados.

Em 2015 o Ministério das Comunicações convida o Canal Saúde a participar de uma articulação para ocupar a multiprogramação da TV Brasil. Com a digitalização do sinal de TV, onde antes havia uma única programação, poderiam agora haver até seis, e o Ministério das Comunicações decidiu explorar essa oportunidade com o sinal da TV Pública, a TV Brasil. Assim, o canal da TV Brasil passou a veicular também a então NBR, a TV Escola e o Canal Saúde, que chega então com sua programação à TV aberta, inicialmente nas praças do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Um acordo interministerial foi assinado para consolidar a parceria. Hoje, na multiprogramação da TV Brasil, o Canal Saúde chega a 1037 municípios de 22 estados.

Durante a pandemia de COVID-19 o Canal Saúde viu-se diante de uma missão relevante: espalhar informação confiável em meio a um ambiente fértil na proliferação de notícias falsas. Foi criado o programa “Boletim Corona”, especificamente para dar notícias sobre a pandemia. Além disso, todos os programas se voltaram para o tema, com pautas pelo menos mensais sobre o assunto. Também foram produzidos interprogramas de serviço voltados a diferentes públicos, como indígenas, quilombolas, jovens, população de favelas etc. Não por acaso, nesse período a audiência do Canal Saúde cresceu, bem como a interação com o público em nossos perfis nas redes sociais.

Em plena pandemia de COVID-19 o Canal Saúde aposta em novas linguagens, e inicia sua produção de PODCASTs. Inclusive, a primeira série de podcasts foi justamente o “Coronafatos”, que tinha por objetivo confrontar notícias falsas sobre a pandemia que circulavam nas redes sociais. Hoje, além do “Coronafatos”, já existem outras quatro séries sendo produzidas: “Histórias da Saúde”, “Observatório Canal Saúde” (sempre sobre comunicação), “Docs” (documentários em áudio) e “Canal Saúde Podcasts” que traz uma interpretação para a linguagem de podcast, de programas famosos da grade televisiva.

Ao ocupar um espaço na TV aberta (através da multiprogramação da TV Brasil) o Canal Saúde foi capaz de aferir sua audiência como as demais emissoras de TV do país. Dessa forma firmou, em 2021, um contrato com a Kantar-IBOPE, que gera relatórios trimestrais com o número de espectadores do Canal Saúde. Em média, desde o início das aferições, o Canal Saúde tem 3 milhões de espectadores, apenas considerados três municípios: Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Como, na verdade, estamos na TV aberta em 1037 cidades brasileiras, o próximo passo é ampliar o contrato para medir a audiência em novos lugares.

Na 17ª Conferência Nacional de Saúde o Canal Saúde não apenas cobriu a conferência, mas participou de sua organização, integrando a comissão de comunicação. A cobertura não apenas se limitou ao registro jornalístico, mas buscou contribuir para a mobilização nacional em torno da conferência.

Ao completar 30 anos, o Canal Saúde busca se alinhar com as transformações da TV brasileira e se prepara para lançar a sua plataforma de streaming, a ser disponibilizada na Internet, e na forma de aplicativos para dispositivos móveis e Smart TVs.