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Fiocruz integra nova Rede Internacional de Vigilância da OMS [23/05/2023]



Presidente da Fiocruz, Mario Moreira participou, no último sábado (20/5), em Genebra, do lançamento da Rede internacional de Vigilância de Patógenos (em inglês, International Pathogen Surveillance Network – IPSN), uma iniciativa do hub para Inteligência Epidemiológica Pandêmica e Epidêmica da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O objetivo é gerar uma plataforma global de vigilância genômica para detectar e responder às ameaças antes que elas se tornem epidemias ou pandemias. A Fiocruz compõe o fórum de lideranças da iniciativa e pretende colocar sua capacidade e seu expertise a serviço da rede. O lançamento é um evento paralelo da 76ª Assembleia Mundial da Saúde, que acontece de 21 a 30 de maio.  

O presidente da Fiocruz, convidado a falar em um painel sobre o papel que a instituição desempenhou na resposta do sistema de saúde brasileiro à pandemia, destacou a produção e as entregas de kits diagnóstico, as criações da Rede Genômica, do Biobanco Covid-19 e do Observatório Covid-19 Fiocruz, a transferência de tecnologia para a produção de uma vacina nacional de Covid-19 e a escolha da Fiocruz pela Opas/OMS para ser um dos dois polos de desenvolvimento e produção de vacinas com tecnologia mRNA na América Latina.

“Um evento com potencial pandêmico pode surgir em áreas com menor capacidade de resposta no campo da vigilância moderna. Portanto, abordagens de vigilância multinacional integradas são centrais para minimizar o risco de disseminação de surtos. Será muito importante trabalhar em conjunto e alinhar esforços com outros atores da vigilância genômica de patógenos para acelerar o progresso e garantir que todos os países tenham sistemas de vigilância de saúde fortes e sustentáveis. Para isso, reforçamos que as estruturas e capacidades da Fiocruz estão à disposição dessa iniciativa global para promover vidas mais saudáveis e melhores em todo o mundo”, comentou Mario Moreira.

Para o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Michael Ryan, que representou o diretor-geral da Organização Tedros Adhanom Ghebreyesus no evento, em diversos lugares do mundo havia uma capacidade na área de vigilância genômica que foi acelerada com a pandemia. O desafio agora é sustentar essa capacidade e distribui-la de forma mais igual no mundo. 

“Temos que construir um sistema de vigilância que se sustente e não apenas para os ricos. O sistema tem que funcionar para todos em todo lugar. Temos que aplaudir a comunidade científica que soube responder à pandemia à altura, mas, ao mesmo tempo, temos o desafio de manter o investimento na vigilância mesmo após o surto pandêmico e de tornar essas capacidades de resposta mais bem distribuídas, já que hoje ainda são muito desiguais”, destaca Ryan.

A Rede recebe financiamento da Rockefeller Foundation, Wellcome Trust e do governo alemão, mas pretende ampliar o investimento com a adesão de mais financiadores aos projetos de vigilância. A iniciativa conta ainda duas linhas de ação: comunidades de práticas, que reúnem especialistas na área de dados genômicos e tem por objetivo criar protocolos, compartilhamento de dados e o desenvolvimento de ferramentas de dados que possam integrar os sistemas públicos de saúde; e aceleradores de países, para ampliar a capacidade de cooperação para o desenvolvimento de estruturas locais de vigilância genômica.

O diretor-geral assistente da Divisão de Inteligência e Sistemas de Vigilância de Emergências da Saúde da OMS, Chikwe Ihekweazu, enfatizou: “nenhum grupo aqui tem todas as respostas. O objetivo da Rede é prover as condições e uma coordenação para que os países e instituições possam colocar o seu conhecimento, recursos e capacidade em prol de uma rede global para alcançar um objetivo comum”. 

Também como parte do fórum de lideranças da Rede, estiveram presentes no painel de lançamento o chefe-executivo da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido, Jenny Harries, o diretor do Centro de Resposta e Inovação para Epidemia (Ceri) da Universidade Stellenbosch, na África do Sul, Tulio de Oliveira, o diretor de Doenças Infecciosas da The Wellcome Trust, Alexander Pym, o diretor-executivo do Centro Nacional para Doenças Infeciosas, Leo Yee-Sin, o diretor-geral do CDC África, Ahmed Ogwell Ouma, o vice-presidente sênior da Fundação Rockefeller, Naveen Rao, e a diretora do Centro Nacional de Genômica e Bioinformática (ANLIS Malbrán), na Argentina, Josefina Campos.

Pamela Lang 
Agência Fiocruz de Notícias